Projeto “Orgulho Sim” celebra a comunidade LGBTQIAPN+ com arte, música e ativismo em Ilhabela
- Redação

- 5 de jul.
- 3 min de leitura

No último sábado, 28 de junho — Dia Internacional do Orgulho LGBTQIAPN+ — Ilhabela foi palco de uma celebração vibrante e histórica no coração do seu centro histórico. O evento “Orgulho Sim”, idealizado pela artista plástica e ativista Naiara Novazzi, tomou conta da Rua do Meio com uma programação repleta de arte, cultura, música e resistência, reunindo um grande público em um manifesto de amor, respeito e diversidade.
Com o intuito de ocupar simbolicamente um dos principais cartões postais da cidade, o projeto não apenas celebrou, mas também reivindicou espaços para a comunidade LGBTQIAPN+ em Ilhabela. “Hoje estamos aqui ocupando um espaço que normalmente não ocupamos, onde sempre percebemos olhares de discriminação. Aliás, não ocupamos, chutamos a porta e estamos aqui para sermos vistos e ouvidos”, declarou Naiara Novazzi durante a abertura oficial, em um discurso potente que marcou o tom do evento.
Primeira Mostra de Arte Queer de Ilhabela
O ponto alto da programação foi a abertura da primeira Mostra de Arte Queer da cidade, no tradicional Salão de Exposições da sede da Fundaci. Com curadoria de EdinirCezar, a exposição trouxe obras de artistas como Ana Canale, Ursula Möllhoff, Gilmara Pinna, Gilda Pinna, Íama Luz Labás, Eduardo Sancinetti, Sandro Saintt, Famadeu Martins, Patrícia Susini, Laís Figueiredo, Samy, Cléo Ferreira, Marina Arzolla, Mônica Nunes, Áli Silva de Araújo, o coletivo AMÁ e a própria Naiara Novazzi.
Cada obra apresentou uma perspectiva única sobre a vivência queer, explorando sentimentos, lutas e afetos com sensibilidade e irreverência. A mostra encantou o público e seguirá em itinerância por outros pontos de Ilhabela, oferecendo mais cinco oportunidades para quem ainda não conferiu essa celebração da diversidade artística.
Música, dança e militância nas ruas
Fora do salão, a Rua do Meio se transformou em um corredor de alegria e expressão. O evento contou com a exposição de artesanato do "Projeto das Pretas", além de uma programação musical contagiante, com apresentações de Viick Araújo, DJ Norma Nascimento, o duo B(*)trônics, DJ Kost, e a envolvente Oficina de Dança do Baile Charme da Subida do Morro.
Às 19h30, o público tomou as ruas da Vila em uma emocionante Marcha do Orgulho Sim. Cartazes, palavras de ordem e bandeiras LGBTQIAPN+ coloriram o centro histórico, em um ato de visibilidade e resistência. Em seguida, a festa continuou com o Baile Charme Subida do Morro comandado por DJ Naja e Caixa Alta, que colocou todos para dançar. O encerramento ficou por conta do DJ Gêe, que assumiu as pick-ups e finalizou a noite em clima de pura celebração.
Cultura como ferramenta de transformação
O projeto “Orgulho Sim” foi realizado pelo Ateliê Naiara Novazzi, com apoio da Secretaria de Cultura de Ilhabela, por meio de edital de incentivo à cultura. A escolha do dia 28 de junho para o evento tem um simbolismo profundo: a data marca o aniversário das revoltas de Stonewall, ocorridas em 1969 nos Estados Unidos, que deram início ao movimento moderno pelos direitos LGBTQIA+ no mundo todo.
Arte queer: expressar para existir
A mostra também trouxe à tona o conceito de arte queer — ou homo art — um movimento artístico que ganhou força nos anos 1980, especialmente nos EUA e na Europa. Através de uma abordagem conceitual e contextual, artistas queer exploram questões ligadas à sexualidade, identidade de gênero, marginalização e pertencimento, desafiando padrões estéticos e sociais.
O “Orgulho Sim” foi mais do que um evento: foi um grito coletivo por visibilidade, inclusão e reconhecimento. Uma festa, sim — mas também um ato de resistência. E, como bem disse Naiara Novazzi, foi a prova de que a arte pode e deve ocupar todos os espaços.









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