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Ex-prefeito Felipe Augusto ameaça a democracia local com postura autoritária e intimidadora após exoneração de sua irmã da Prefeitura

  • Foto do escritor: Caio Gomes
    Caio Gomes
  • 18 de abr.
  • 3 min de leitura

Felipe Augusto demonstra que sua preocupação não é com São Sebastião, mas com a perda de influência e com as consequências jurídicas de seu passado administrativo. As tentativas de deslegitimar o novo governo parecem fazer parte de uma estratégia desesperada de sobrevivência política.



O ex-prefeito Felipe Augusto (PSDB), investigado por desvios milionários na Prefeitura de São Sebastião, parece ter dificuldade em aceitar que seu ciclo à frente da administração municipal chegou ao fim. Sua recente reação agressiva à exoneração da irmã, Adriana Augusto Balbo Venhadozzi — a “Tutu”, que ocupava a Secretaria de Planejamento — demonstra não apenas um apego familiar ao poder público, mas também revela um padrão preocupante de conduta autoritária e à margem da legalidade.


A decisão do atual prefeito Reinaldinho Moreira (REPUBLICANOS), de afastar Tutu do cargo, segue uma linha de coerência com seu discurso de campanha: montar uma equipe técnica e alinhada com seu estilo de gestão. “Quem não estiver comprometido com meu estilo de trabalho, vai sair”, declarou o prefeito em entrevista ao jornalista Helton Romano. Mas o que deveria ser uma simples movimentação administrativa acabou se tornando combustível para uma retaliação pública e ameaçadora por parte de Felipe Augusto.


Em vídeo publicado nas redes sociais, o ex-prefeito não apenas partiu para ataques pessoais ao sucessor — acusando-o de preguiça, incompetência e falta de gratidão — como também fez insinuações perigosas, sugerindo que contratos da atual gestão seriam alvo de órgãos fiscalizadores. A ironia: Felipe ameaça expor contratos que foram iniciados ou herdados de sua própria gestão. Afinal, Reinaldinho está no cargo há pouco mais de três meses, enquanto Felipe comandou a cidade por oito anos.


Aparentemente, o que Felipe Augusto tenta fazer é desviar o foco dos escândalos que o cercam e intimidar seu sucessor — uma tática comum entre políticos acuados. E Felipe está, de fato, acuado. Em janeiro deste ano, a Polícia Civil apreendeu armas de fogo, cofres e documentos em sua residência, como parte de uma investigação sobre desvios milionários na Prefeitura.


A Justiça também determinou que Felipe Augusto e a associação de advogados Núcleo Universitário de Pesquisas, Estudos e Consultoria (Nupec) restituam cerca de R$ 12,2 milhões à Prefeitura de São Sebastião. A empresa foi contratada pelo município na disputa bilionária por royalties de petróleo contra Ilhabela.


O pedido de devolução foi feito pelo Ministério Público de São Paulo e a decisão da juíza Glaucia Fernandes Paiva acontece após a 2ª Câmara de Direito Público do Tribunal de Justiça de São Paulo determinar o bloqueio.


Segundo a decisão para execução da ordem de bloqueio, a Nupec teria um prazo de 15 dias —contados a partir do dia 22 de janeiro — para restituir o montante ao município. O valor total é de R$ 12.197.277,83.


Por meio de nota, a Prefeitura de São Sebastião afirmou que "o processo de contratação em questão foi feito pela gestão anterior".


A sucessão de escândalos envolvendo o ex-prefeito revela um modus operandi típico de quem usou o poder público como extensão de interesses pessoais e familiares. A nomeação de sua irmã, a blindagem de aliados e os contratos sob suspeita se encaixam num retrato político cada vez mais conhecido no Brasil: o do gestor que confunde a máquina pública com o próprio quintal.


Ao ameaçar o atual prefeito e tentar desestabilizar a nova gestão, Felipe Augusto mostra que sua preocupação não é com a cidade ou com os moradores de São Sebastião, mas com a perda de influência e com as consequências jurídicas de seu passado administrativo. As tentativas de deslegitimar o novo governo, usando a máquina das redes sociais para espalhar acusações e fomentar a discórdia, fazem parte de uma estratégia desesperada de sobrevivência política.


O momento exige maturidade e responsabilidade institucional. São Sebastião precisa olhar para frente, enquanto a Justiça faz seu trabalho de olhar para trás. Quanto ao ex-prefeito, é hora de responder pelas suas ações — não com ameaças, mas com provas. E, se tiver algo a dizer, que seja no fórum adequado: o Tribunal de Contas e o Ministério Público, não a timeline do Instagram.


Felipe Augusto não está acima da lei. E São Sebastião não pode mais ser refém dos caprichos de um coronel digital.

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