Claudia Kerber, médica veterinária de profissão está na ilha desde 2003. Antes de vir para o arquipélago trabalhava com cavalos, mas assim que chegou, decidiu realizar uma mudança e começou a trabalhar com peixes, em conjunto com a comunidade tradicional, em especial os pescadores.
Claudia e o marido Pedro Antônio dos Santos quando chegaram em Ilhabela tiveram a Peixaria Comunitária, onde vendiam apenas espécies trazidas pelos pescadores locais. Com o tempo, começaram a perceber a dificuldade dos pescadores com a escassez da garoupa e outras espécies. Nesse momento, Claudia decidiu tomar uma atitude a respeito.
Junto com seu marido, Claudia criou em Ilhabela o único laboratório no mundo, coordenado pela Redemar Alevinos, para criação de garoupas e o primeiro e único do Brasil na produção de peixes marinhos com finalidade comercial. A produção de alevinos em laboratório é uma das soluções para conseguir o repovoamento de espécies fundamentais para a recomposição de estoques pesqueiros.
Foi assim que iniciou o projeto “Garoupas ao Mar” que tem como objetivo principal dar os primeiros passos para a recuperação dos estoques da Garoupa Verdadeira no Setor Maembipe da APA Marinha do Litoral Norte de São Paulo.
A garoupa é um peixe símbolo de trabalho para os caiçaras de Ilhabela. Muito mais do que estampar a nota de R$ 100, a espécie simboliza toda a dedicação desse povo para garantir o alimento de muitas famílias.
Na lista de animais vulneráveis com risco de extinção por causa da perda de habitat, da pesca predatória e da poluição dos mares, o projeto Garoupas ao Mar veio para reverter essa situação com a criação de peixes em cativeiro para posterior soltura numa grande estrutura de tanques e laboratórios montada para abrigar e estudar a espécie. Milhares de filhotes já foram levados ao mar. Uma conquista para pesquisadores e moradores.
Claudia também faz parte de um trabalho educativo, por meio do projeto, com as crianças da rede pública de ensino, em parceria com o programa do Proerd.
“Todas as quintas séries passam aqui para conhecer o projeto. A ideia é criar uma empatia da criança com o peixe. Ela vai prestar atenção e entender a importância da preservação desses animais. A empatia das crianças das comunidades tradicionais com os peixes é incrível, elas mesmo cuidam. De todo jeito, é extraordinário trabalhar com as crianças”.
Para Cláudia, o sentimento é de missão cumprida. “Este é um trabalho de 15 anos que conseguimos dar um retorno. Este é o único laboratório do mundo que produz garoupa verdadeira. É incrível. Você já ouviu falar de uma história assim? Que o peixe tá aparecendo? Você vai, por exemplo, aqui na Costeira do Bexiga, e eu tenho certeza que o primeiro peixe que você vai pescar é uma Garoupa. A gente deu a nossa contribuição e estamos muito orgulhosos”, ressalta.
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