Mônica Kurachina: uma vida de dedicação ao próximo
- Caio Gomes
- 9 de mar. de 2021
- 4 min de leitura
Mônica Kurachina é daquelas pessoas que logo que você a vê já sente empatia e carisma. Com seu jeito peculiar encanta a todos a sua volta, principalmente pelo amor com as pessoas.
O que muitos não sabem é que sua história de dedicação e voluntariado em Ilhabela vem desde 1984, ano em que se mudou para o arquipélago com a proposta de ajudar a conhecida Dra. Anamaria na criação de seus dois filhos, já que na época, pela escassez de médicos na cidade, a Dra. Anamaria fazia muitos plantões.
“Fui criada dentro desse movimento de ajudar as pessoas. Minha mãe e a mãe da Dra. Anamaria, dona Maria Luiza, desde que me conheço por gente faziam enxoval para bebês no intuito de doar para quem não tinha condição. Sempre cresci com esse pensamento de que se eu pudesse fazer alguma coisa por alguém, faria o que estivesse ao meu alcance. É isso que tenho feito desde então, sempre que posso me envolvo”, conta.
Mônica foi fundadora do extinto Grupo de Voluntárias Independentes pela Criança e uma das principais ações era arrecadar nos supermercados, na renovação de mercadorias, os melhores produtos para as crianças, oferecendo uma alimentação mais saudável e completa para as crianças carentes.
Na área da Educação, Mônica Kurachina foi uma das principais professoras na região sul da cidade. Quando chegou na Ilha, prestou concurso do extinto Banespa para apenas uma vaga de professor na cidade. Iniciou seu trabalho lá no Sul, na Escola Anna Leite, e pela dificuldade do acesso na época, faltava professor.
“Fui dar aula lá de Matemática, Física, Química e Ciências. Ver o sorriso de uma pessoa melhora. Saber que está mais saudável, saber que tem uma boa educação, que tem um desenvolvimento melhor, isso me move, me faz querer mais”.
Entre suas principais ações sociais dentro da cidade destaque para suas gestões a frente da Santa Casa de Ilhabela e na APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Ilhabela. “Sou irmã da Santa Casa de Ilhabela desde 1992 e entrei na APAE como presidente do Conselho Fiscal e daí não saí mais”.
Na Santa Casa sua motivação começou em 1991, quando seu filho, Cristobal Parraga nasceu e não havia “nitrato de prata”, uma solução que precisa ser aplicada nos olhos do recém-nascido no prazo de uma hora após o nascimento para prevenção da conjuntivite gonocócica.
“Meu marido saiu e foi na farmácia comprar, mas isso me incomodou muito e a partir dali nasceu em mim a vontade de ajudar a Santa Casa, que na época era o único Hospital e Pronto-Socorro”, lembra.
Na Santa Casa, em parceria com o Lions Clube, abriu o voluntariado dentro do Hospital Mário Covas, realizando entre 2009 e 2017 diversos movimentos em prol da saúde no município. Uma das principais conquistas foi a abertura do laboratório, que até então funcionava de forma terceirizada. Todos os exames eram feitos em São Sebastião e muitas vezes os exames se perdiam em função da irregularidade da travessia das balsas pelo tempo.
“Como dona de casa foi um desafio abrir um laboratório na cidade. Busquei pessoas competentes que entendiam do assunto e consegui montar dois laboratórios em Ilhabela, tornando a cidade referência no Litoral Norte em questão de aparelhos”.
Na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE, Mônica é a atual presidente da entidade e está no seu quarto mandato. “A vontade é de querer ajudar mesmo, no que puder ajudar eu ajudo. Nunca recebi salário como presidente daqui da APAE ou da Santa Casa, é voluntariado mesmo. Para isso eu leio, estudo, procuro entender cada vez mais de forma a poder ajudar todas as equipes. Para levar 54 funcionários eu preciso entender o funcionamento disso”.
Mônica ressalta a importância de se preocupar com o próximo. “A pandemia nos mostrou bastante isso. Vamos sair da casinha, parar de pensar no meu, na minha casinha, no meu filho e pensar que eu moro numa cidade onde existem deficientes, pessoas com câncer, com doenças degenerativas, pessoas que não têm o mínimo para se sustentar com alimentos. Então é importante a gente entrar e disseminar o bem. É esse trabalho que me sustenta na vida, vir à APAE, ou a qualquer outro grupo de voluntário. É isso que me move. O pouco que eu posso fazer para outras pessoas é muito”.
Sobre seu sentimento em relação ao voluntariado, Mônica espera que cada vez mais pessoas possam formar essa corrente de ajuda ao próximo. “Longe de mim achar que faço muito. Faço na medida que consigo. Mas cada vez mais as pessoas estão se conscientizando e se isso servir para estimular outras pessoas a se voluntariar é bom, e ver que o retorno disso é só coisa boa. Todas as vezes que a gente faz o bem eu acredito muito que o retorno é certeiro também. Às vezes no momento de tristeza, doença, a gente sabe onde encontrar esse reforço e é justamente nessa força de retorno, quando a gente faz o bem, eu acredito muito nisso”, finaliza.
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