O pescador caiçara traz na mão o ofício de pescar, no coração o sentido de compartilhar e na cabeça a razão de conservar”. Felipe Caranha
Esta máxima, guardada no peito e aplicada no dia a dia é o motor para Felipe Garcia dos Santos, mais conhecido como “Felipe Caranha”, lutar pelo direito dos caiçaras.
Caiçara nato, pescador profissional e um dos principais ativistas na região da luta pelos direitos do caiçara, Caranha conta sua paixão sobre sua história. “Essa luta é para preservar o que é nosso por direito. A gente luta e cobra o que é nosso por direito. A nossa batalha é sempre sobre aquilo que é nosso por direito. Jamais vamos levantar uma bandeira de algo que não seja nosso, seja na cultura, a pesca, ou algo relacionado a nossa vida”.
Recentemente um vídeo de Felipe Caranha viralizou nas redes sociais. Na ocasião, Caranha retira cercas de proteção num acesso público, que também é um local centenário, onde antes havia um rancho.
“Esse é o espaço que temos que lutar. Passagens públicas, ranchos, acessos públicos, estivas de canoa, isso é a cultura caiçara. Isso não é só nosso, é de toda a população de Ilhabela. O camarada não pode chegar e cercar um espaço que é de todos nós. Essa luta beneficia toda a comunidade”, afirma Caranha.
Felipe também faz parte do projeto Garoupeta, idealizado há mais de 15 anos, onde ele mesmo ajudou na captura dos primeiros exemplares de Garoupas, que vieram a tornar-se os reprodutores.
“Foi um trabalho pioneiro que passou por diversas dificuldades principalmente a adaptação dos animais ao cativeiro. Após vários anos de pesquisa sobre a espécie, seu comportamento, alimentação, reprodução e desenvolvimento, o laboratório conseguiu estudos muito importantes que visam contribuir para sua preservação e comercialização para fins de aquicultura, diminuindo assim a pressão sobre os estoques naturais”.
Caranha destaca ainda sua luta pelo reconhecimento da história da cultura caiçara. “Por trás de cada canoa existe uma história. As pessoas veem uma canoa caiçara, tiram fotos e não sabem a história que tem por trás. As canoas são predestinadas pelo próprio Deus para virar uma canoa. Você imagina Deus plantando uma árvore, seja ela qual for, desde que seja boa, essa madeira cresce, depois de crescer, o caiçara, o canoeiro, que é guiado por Deus, acha a madeira, vê que é boa, faz a canoa e muitas tem milhares de história desde a plantação da árvore até o uso dela como meio de sustento para suas famílias”.
Sobre seu sentimento em relação a sua luta pelos direitos do caiçara, Felipe Caranha faz sua observação. “As coisas vêm se fortalecendo. A juventude caiçara, principalmente nas comunidades tradicionais, está abraçando a causa caiçara sem arruaça. Está procurando entender, falar melhor, está indo nas reuniões, indo na Prefeitura e Câmara. O povo caiçara está levantando a cabeça e está se posicionando politicamente e socialmente nesta luta. Este é um sentimento de vitória e de conquista do respeito”, destaca.
Comments