Esse é meu lar e o lugar que decidi construir minha vida e realizar melhorias no âmbito social”. Essas são as palavras iniciais do Victor, mais conhecido como Nino, natural da Bahia e morador de Ilhabela há 22 anos.
Nino é um dos principais militantes na cidade sobre questões raciais e reforça a importância de discutir o racismo na escola e na sociedade. Atualmente, Nino integra o Coletivo Negro Odu que reúne cerca de 80 pessoas interessadas em debater e sanar problemas raciais na cidade, envolvidos em diversos segmentos como conselhos da Mulher e Cultura, no intuito de formar uma rede de apoio com braços e voz em todos os lugares da ilha. A atuação do coletivo conta com uma gama de profissionais para auxiliar nos mais diversos casos, como assistentes sociais, professores, advogados, entre outras áreas.
Por ser uma pessoa “parda”, Nino conta que já passou por diversas situações de racismo em Ilhabela e principalmente fora do país. “Em 2016 quando retornei com um processo de construção da minha consciência racial, eu decidi me aproximar mais da pauta do movimento negro, nesse momento eu comecei a apoiar a Associação do Movimento Afrodescendente de Ilhabela – AMAI na construção e realização da semana da Consciência Negra”, relembra.
No meio desse trabalho na AMAI, Nino e sua irmã, Vitória Leal sentiram que era preciso fazer mais pela causa e foi aí que começaram a palestrar em algumas escolas da rede pública de ensino – a convite de professores amigos – para dialogar com alunos sobre questões raciais e sua importância.
“Eu acho que consegui mudar a cabeça de muitas crianças, adolescentes e adultos com quem tenho tido contato nesses anos e que as ações do Coletivo têm dado esperança a muitas pessoas. Na vida a gente precisa se agarrar ao certo e principalmente ao amor”, destaca.
Além do Coletivo, Nino faz parte da diretoria do Grupo Organizado Semear que apoia a líder comunitária “Nega da Capoeira”. “Ela pra mim é a maior referência de luta e educação racial em Ilhabela. Eu passei a viver a questão racial em cada segundo da minha vida, não por querer reconhecimento muito menos por almejar algum lugar dentro da política pública, mas por entender que qualquer mudança no mundo parte daqueles que tem a coragem de fazer, de mudar, de movimentar pessoas, e principalmente de não ter medo de estar à frente daquilo que você acredita ser correto”, garante.
Nino é incansável e com voz de esperança declara. “Eu amo o meu povo, eu amo a minha cultura, eu amo a minha religião, a minha ancestralidade, amo nossas crianças e nossos mais velhos pretos, e tudo que tenho feito é repartir esse amor para que outras pessoas saibam que por mais violento e injusto que o mundo esteja, sempre há a possibilidade de ir além, de se apoiar enquanto sejam uma grande família e unidade”.
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