Programas de observação da Terra por satélite constataram que a maior parte da Mata Atlântica já foi desmatada. O cálculo da extensão atual do bioma, porém, depende do tamanho da “lente” com que se observa a floresta.
Quando a ONG SOS Mata Atlântica publicou o primeiro atlas de remanescentes, os sistemas de mapeamento da época só identificavam fragmentos de floresta que fossem maiores que 100 hectares (o tamanho aproximado de 100 campos de futebol).
Por essa óptica, constatou-se que apenas 8% da floresta tinha sobrevivido ao desmatamento.
Com o advento de novos satélites e novos sistemas de processamento de dados, porém, os pesquisadores começaram a enxergar fragmentos menores, com resolução de 3 hectares. Isso permitiu adicionar alguns fragmentos isolados de mata ao cálculo da área total de floresta, aumentando a percentagem de remanescentes para 12,4%.
Com isso, Ilhabela passou a liderar o ranking de preservação da Mata Atlântica. Atualmente o arquipélago conta com 32,5 mil hectares de florestas preservadas, o que equivale a 94,6% de seu território coberto pela Mata Atlântica.
O prefeito da cidade, Toninho Colucci comemorou os resultados e afirmou que os números são frutos de muito trabalho.“Esses números mostram o resultado das ações do nosso Governo e a constante preocupação com o Meio Ambiente. Com um bioma mais diversificado, garantimos a qualidade da água do nosso planeta”, destacou Colucci.
Segundo a secretária de Meio Ambiente de Ilhabela, Katia Freire, os estudos recentes comprovam a eficácia dos trabalhos realizados pela atual gestão da Prefeitura de Ilhabela, em conjunto com o Parque Estadual de Ilhabela e Polícia Militar Ambiental, por meio do monitoramento das áreas de Mata Atlântica.
“Temos reforçado também a fiscalização e incentivos na Educação Ambiental, por meio de plantios, recuperação e enriquecimento florestal de áreas. Sabemos que a Mata Atlântica é considerada um dos maiores biomas em biodiversidade no Planeta, em número de espécies de fauna e flora. Consequentemente, esse aumento na porcentagem de Mata Atlântica, auxilia na qualidade de vida e manutenção do ecossistema”, comentou Kátia Freire.
Em segundo lugar aparece a cidade de Ubatuba, com 93% da faixa de Mata Atlântica preservado, seguida por São Sebastião com 89,4% e Caraguatatuba com apenas 21,3% da cobertura original preservado.
Estudos
As tecnologias mais modernas de mapeamento, empregados pelo projeto Mapbiomas, chegam a identificar pedaços de mata tão pequenos quanto 0,3 hectares, mas considerar que fragmentos muito pequenos são parte da floresta é algo controverso, porque manchas de mata minúsculas e apartadas não conseguem abrigar a mesma quantidade de biodiversidade de plantas e animais que os grandes fragmentos de floresta exibem.
Além de enxergar com melhor resolução, os novos sistemas de satélite também conseguem calcular ano a ano o quanto de floresta começa a se regenerar.
Quando considerados na conta os trechos de mata secundária (ou seja, de rebrote), a constatação é de que a Mata Atlântica ocupa 28,5% de sua área original. Muito dessa floresta regenerada, porém, ainda não recobrou sua biodiversidade original, por isso também é controverso considerar que ela representa uma parte sobrevivente do bioma.
O que está claro hoje é que 64% do bioma original deu lugar a pastagens e lavouras. As áreas não vegetadas, que incluem as cidades, são apenas 2,25% desse território, apesar de abrigarem a maior população urbana do continente. O restante são pequenas áreas de vegetação natural não florestal (incluindo campos de altitude, manguezais e outras) ou corpos d’água como rios e lagos.
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